Entende-se
por ciclo, dentre outros significados, uma série de ocorrências que se repete.
Márcio Ramos, autor e diretor do curta “Vida Maria” retrata esse ciclo de uma
forma leve, descontraída e gostosa, mas ao mesmo tempo forte, impactante e
reflexiva.
Inicia
a história com Maria José “desenhando palavras” (termo bonito e poético) em um
caderno velho que já havia pertencido a outras Marias de gerações anteriores.
Porém, sem expectativa de uma vida melhor e pressionada pela mãe a seguir os
mesmos passos, não vê seus sonhos e suas vontades ultrapassassem as cercas da
casa onde vivia. Ali cresce, casa-se e tem oito filhos, dentre eles outra Maria
(de Lourdes) que veio dar continuidade ao ciclo sob perspectivas de vida da
mãe, agora já velha enterrando “o ciclo” passado.
O curta retrata as contradições
entre os desejos pessoais e a dura realidade que se impõe às pessoas, em
especial as do sertão do Ceará. O desejo de crescer e ser alguém, de ter
condições melhores de vida era refletido no olhar da pequena Maria José que,
foi crescendo e aos poucos suas perspectivas foram se perdendo. O olhar da
Maria adulta era de “sobrevivência” e aquilo que era importante antes, agora,
não fazia mais sentido algum. A pobreza e as condições precárias de vida lhe
roubaram o desejo de melhorar, de ser diferente de sua mãe. Com a repetição do
ciclo em pelo menos três gerações, o autor/diretor do filme consegue transmitir
em oito minutos a triste situação sócio-econômica vivida por muitas gerações.
Cegados pela ignorância, pensam que estudar é perda de tempo e “jogam” as
crianças em afazeres desapropriados para a idade, afastando-os dos estudos.
Aprendemos
com a mensagem desse filme que precisamos lutar por algo diferente daquilo que
recebemos, buscando melhorar. Como? Buscando forças que vêm de dentro e
acreditando mesmo quando as circunstâncias dizem não.
Muito interessante a redação, principalmente o trecho "O olhar da Maria adulta era de 'sobrevivência' e aquilo que era importante antes, agora, não fazia mais sentido algum. A pobreza e as condições precárias de vida lhe roubaram o desejo de melhorar". Como não olhar a sobrevivência se nada mais lhe resta? A arte só tem sentido para seu consumidor quando se está com a barriga cheia e só faz sentido para seu criador quando ajuda o povo a pensar.
Muito interessante a redação, principalmente o trecho "O olhar da Maria adulta era de 'sobrevivência' e aquilo que era importante antes, agora, não fazia mais sentido algum. A pobreza e as condições precárias de vida lhe roubaram o desejo de melhorar". Como não olhar a sobrevivência se nada mais lhe resta? A arte só tem sentido para seu consumidor quando se está com a barriga cheia e só faz sentido para seu criador quando ajuda o povo a pensar.
ResponderExcluirTatiana,seu blog ficou lindo.
ResponderExcluirSeu artigo refletem uma leitora e escritora competente, talentosa, sensível!
Meu abraço afetuoso. Rosa Maria
Oi Tatiana,
ResponderExcluirSeu artigo é um convite a conhecer o belíssimo trabalho de Marcio Ramos. E seu blog me levou a passeios na net, rsss
Parabéns!
Aya