sexta-feira, 5 de julho de 2013

Filme Vida Maria

 O ciclo Maria
Entende-se por ciclo, dentre outros significados, uma série de ocorrências que se repete. Márcio Ramos, autor e diretor do curta “Vida Maria” retrata esse ciclo de uma forma leve, descontraída e gostosa, mas ao mesmo tempo forte, impactante e reflexiva.
Inicia a história com Maria José “desenhando palavras” (termo bonito e poético) em um caderno velho que já havia pertencido a outras Marias de gerações anteriores. Porém, sem expectativa de uma vida melhor e pressionada pela mãe a seguir os mesmos passos, não vê seus sonhos e suas vontades ultrapassassem as cercas da casa onde vivia. Ali cresce, casa-se e tem oito filhos, dentre eles outra Maria (de Lourdes) que veio dar continuidade ao ciclo sob perspectivas de vida da mãe, agora já velha enterrando “o ciclo” passado.
O curta retrata as contradições entre os desejos pessoais e a dura realidade que se impõe às pessoas, em especial as do sertão do Ceará. O desejo de crescer e ser alguém, de ter condições melhores de vida era refletido no olhar da pequena Maria José que, foi crescendo e aos poucos suas perspectivas foram se perdendo. O olhar da Maria adulta era de “sobrevivência” e aquilo que era importante antes, agora, não fazia mais sentido algum. A pobreza e as condições precárias de vida lhe roubaram o desejo de melhorar, de ser diferente de sua mãe. Com a repetição do ciclo em pelo menos três gerações, o autor/diretor do filme consegue transmitir em oito minutos a triste situação sócio-econômica vivida por muitas gerações. Cegados pela ignorância, pensam que estudar é perda de tempo e “jogam” as crianças em afazeres desapropriados para a idade, afastando-os dos estudos.

Aprendemos com a mensagem desse filme que precisamos lutar por algo diferente daquilo que recebemos, buscando melhorar. Como? Buscando forças que vêm de dentro e acreditando mesmo quando as circunstâncias dizem não.

3 comentários:

  1. Muito interessante a redação, principalmente o trecho "O olhar da Maria adulta era de 'sobrevivência' e aquilo que era importante antes, agora, não fazia mais sentido algum. A pobreza e as condições precárias de vida lhe roubaram o desejo de melhorar". Como não olhar a sobrevivência se nada mais lhe resta? A arte só tem sentido para seu consumidor quando se está com a barriga cheia e só faz sentido para seu criador quando ajuda o povo a pensar.

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  2. Tatiana,seu blog ficou lindo.
    Seu artigo refletem uma leitora e escritora competente, talentosa, sensível!
    Meu abraço afetuoso. Rosa Maria

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  3. Oi Tatiana,

    Seu artigo é um convite a conhecer o belíssimo trabalho de Marcio Ramos. E seu blog me levou a passeios na net, rsss
    Parabéns!


    Aya

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